Words Challenge 2021 - Bad Boy

Postado em 12 de março de 2021 às 05:18

Hey cupcakes! Como vocês já sabem, eu e a Alê do blog Estante da Alê anualmente preparamos com muito carinho um desafio de palavras durante o ano todo, onde podemos nos desafiar e trazer um texto diferenciado no conteúdo dos nossos blogs. Esse ano nossas postagens vão ser um pouco mais completas, com direito a elenco, trilha sonora e cenários... Vocês poderão ver um pouquinho delas no Insta Rascunhando Memórias. Que tal conferir o nosso tema da vez na minha versão de Bad Boy?

Continue lendo para conferir!

Põe pra tocar: Natural - Imagine Dragons

Elenco:
Personagem Masculino: Stanislav Ianevski
Personagem Feminina: Scarlett Johansson

Palavras:
céu, branco, almofada, gritar, fugir e quando.

Eu odeio o fato de precisar usar uma farda no dia de hoje. 

Não me entenda mal. 

Eu amo ser uma policial e adoro meu trabalho... Mas hoje eu estou realmente cansada. Os filhos dos meus vizinhos no andar de cima ficaram jogando a tarde inteira qualquer coisa no console deles e as batidas de pés seguidos de uma algazarra cutucaram minha cabeça e dormi muito pouco para o meu plantão de hoje, mesmo tendo coberto os ouvidos com a almofada. E, pra "ajudar", alguns engraçadinhos resolveram fazer um roubo e sei exatamente quem pode me ajudar a encontrá-los... Mas queria muito não ter que fazer isso. 

Só que não podemos ter sempre tudo que queremos, não é verdade? 

Peço ao meu parceiro de turno, Igor — um homem de meia idade que está sempre preocupado em ler os jornais e ficar por dentro das últimas taxas de juros, além de me contar os feitios da sua filha mais nova -, mas nem ele quer conversar com o dito cujo. 

— Você sabe, Cristina... Ele não vai com a minha cara. 

— Se ele não vai com a sua cara, que é um dos mais legais por aqui, imagine com a minha... E nossos velhos problemas. 

— Bobinha. Só você não vê, criança. Eu ainda acho que é implicância de garoto que gosta de chamar a atenção quando... Ele gosta de você, só não quer admitir isso. E aproveita que eu ouvi dizer que ele vai de pocotó hoje, então... É melhor você falar com ele antes dele sair. Isso se não quiser acompanhá-lo. 

Droga. 

Patrulhamento a pé justo hoje? Além de não poder deixar ele fazer isso por causa do roubo, ainda preciso conversar sério com ele exatamente por esse motivo. 

— Valeu, "paizão". — Faço aspas com os dedos e reviro os olhos. Me dirijo a sala do meu colega de trabalho menos...Receptivo. Dou três batidas e abro a porta. 

Ele está entretido demais com um calhamaço e sinto minhas sobrancelhas arquearem automaticamente de surpresa. Ele lê? Ok, o pensamento foi rude, mas eu nunca o vejo fazendo isso. Percebo um segundo mais tarde que é a cópia do código de leis. Um copo de chá mate gelado em cima da mesa.... Fico pensando se poderia ser de pêssego? Afasto esse pensamento como a um mosquito, mas ainda o observo. O óculos de sol esquecido do outro lado. Ele morde o dedão e o marca texto desliza pela página. O semblante sério e o dedão desce pelos lábios... Eu tento não olhar. 

Ele tem movimentos lentos no posto policial, completamente diferente do que apresenta "em campo". 

— Você vai ficar me admirando e analisando ou vai me dizer qual é o problema? — Ele pergunta ainda sem me olhar e coloca a cópia em cima da mesa, finalmente me encarando depois do que pareceram ser alguns longos minutos. Ele cruza os braços sobre o peito e odeio mais uma vez ser meu turno e o dele na mesma noite. Ele me analisa e desce o olhar por mim de tal forma que eu me sinto totalmente exposta. 

— Roubo na Avenida Nove de Novembro... E... — Inspiro e expiro exalando pela boca. Pareço nervosa e sei que estou. — Da última vez você ajudou com seus contatos. Eu queria saber se você pode me ajudar. 

A frase sai quase por um fio, porque a vontade que tenho é de gritar toda vez que olho pra cara dele. 

Ok, pode apagar isso. 

Depois do sorrisinho que ele acabou de me dar, a vontade é de voar no pescoço dele e chacoalhá-lo até que os olhos fiquem bem vermelhos e... 

— Você quer minha ajuda, Mafalda? — Ele morde o lábio e seu semblante parece curioso e ele fala de modo divertido. Posso sentir minha cara fechar na hora. — Veio aqui ferindo seu orgulho pro bonitão te ajudar? 

Ele levanta e vem de encontro. Suas botas no assoalho de madeira fazem barulho e posso ver todas as tatuagens no seu braço. Desde as tribais até aquele desenho que ainda não consegui identificar. 

— O que eu vou ganhar com isso, Mafalda? — Ele pergunta e aproxima sua mão do meu ombro, fazendo um movimento perto do broche com meu nome. Ele cutuca meu broche, como se eu algum dia houvesse dado algum tipo de intimidade. Ele já ter salvado minha vida alguma vezes não mudou em nada o tipo de homem que ele é... Não mesmo! 

— Olha... Esquece o que eu falei, tá? Eu dou um jeito. — Fecho a porta e volto à minha mesa, tentando buscar outra forma de apreender o carro de uma forma mais rápida. Eu deveria saber que era impossível. 

O velho apelido.... Argh. Esse homem me dá nos nervos. 

— Mafalda, não fique brava. — Ele surge com o mesmo sorrisinho irônico no batente. — Você fica muito... — Ele morde o lábio brevemente, mas não termina a frase. — brava. — Ele solta uma risada e se senta na cadeira em frente à minha mesa. Cruza os braços tatuados novamente e eles tensionam. Preciso parar de encarar e olhar pra cima. — Escuta, eu já conversei com um contato aqui, mas preciso me encontrar com ela aqui fora. Vamos? 

A verdade é que ele tem o contato e sabe exatamente quem fez isso. A Avenida fica numa parte que já é conhecida da cidade por ser um pouco mais perigosa e sob o olhar de uma equipe nada policial. Mas os roubos não são nada comuns nessa parte e acabamos descobrindo que foi um líder que não deveria mais morar nas redondezas... E vamos dizer que isso será resolvido de outra maneira. 

Cristiano - esse é o nome do dito cujo - tem um passado meio... Sujo, por assim dizer, e tem muitos contatos com seus velhos amigos e seus velhos acordos. Ao menos foi o que ele disse uma vez quando perguntei, seguido por um dedo nos lábios pedindo segredo sobre isso. 

Três horas depois estamos com o carro intacto na frente do posto, mas ao contrário do que imaginei, o crédito me foi dado. O dono do carro foi chamado após as últimas assinaturas da papelada do boletim e o restante do plantão foi... Tranquilo. 

Vejo o céu ficar mais claro assim que percebo que o sol está beijando minha escrivaninha. Olho no relógio e vejo que o fim do expediente chegou quando Mônica vem me substituir. 

— Foi tranquilo, Cris? 

— Quase... Mas o Sr. Sei-que-sou-bonito ajudou. 

— Sério? Isso é um novo recorde, então. — Ela sorri de lado como se soubesse de algo. — Ele me contou. 

— Abusado. 

— Mas agora deixa eu pegar meu posto, que você está com cara de cansada, mocinha. 

Mônica me cutuca enquanto pego minha bolsa e me dirijo à porta, mas antes dou uma olhada na sala de Cristiano e não o vejo. Foi-se a chance de agradecer, ele que... 

— Estava me procurando, Mafalda? — O óculos de sol esquecido na mesa agora está cobrindo seus olhos e detesto não saber para onde ele está olhando. — Você tem algo a me dizer? 

— Eu... 

— Eu vi você olhando na minha sala. Não tente fugir

— Eu... Só queria te agradecer pela ajuda. Obrigada. 

— De nada, gracinha. — Ele pisca e pega meu queixo, me dando um sorrisinho de lado. — Quando precisar, pode chamar o papai barra pesada aqui. — Ele flexiona o braço, fazendo o músculo do seu braço tatuado pular. 

Não consigo segurar a risada, desviando de sua mão que fica no ar por um instante. 

— Sério, Cristiano? — Pergunto sem esperar uma resposta e vou indo embora. 

Mas ele me segue até o estacionamento e percebo um momento depois que sua moto está ao lado da minha. O branco reluz de tão limpo e percebo uma coisa: independente do seu jeito convencido e rebelde, eu duvido muito que as garotas fujam de uma carona em sua moto. Se eu não soubesse como ele é irritante e chato, eu mesma pediria uma carona pra ele e sentaria na sua garupa sem pensar duas vezes. 

— Sério, Mafalda. — Ele me dá uma olhada da cabeça aos pés antes de colocar o capacete e levantar a viseira. — É só você me chamar que eu venho, a hora que você quiser. Eu sei que eu pareço meio... Prepotente....Mas eu posso ser um cara legal. 

— Metido. 

— Legal. — Ele dá um sorrisinho e pisca. — Até amanhã. Porque eu estou em todos os seus plantões esse mês, lindinha. 

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20 comentário (s)

  1. Oi, Pâmela. Como vai? Menina seus textos estão cada vez melhores. Parabéns! Este escrito ficou nota 10. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. MEU TEMA, NINGUÉM SAI!
    AMO AMO AMO DEMAIS UM BAD BOY QUE SE GARANTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Pâmzinha, seus textos merecem continuação!!!!!!!!!!!!!!

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    1. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA SEU BAD BOY TA VINDO

      M
      A
      R
      V
      I
      L
      H
      O
      S
      O

      Não é me achar não, mas estamos AHAZANI
      bjs

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  3. Olá, uau, amei o texto, realmente concordo com Alê que merece uma continuação.
    Beijos!
    https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/?m=1

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  4. Oi Pam! Uau, adorei seu texto!
    Esses bad boys tiram qualquer uma do sério,
    né não? Beijos!

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  5. Oi Pam, tudo bem?

    Quem cresceu assistindo filmes da sessão da tarde sempre vai ter uma quedinha por histórias com bad boys rs...

    Parabéns pelo texto! Ficou super envolvente e gostoso de se acompanhar.

    Beijos;***
    Ariane Gisele Reis | Blog My Dear Library.

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  6. Pra mim que acompanho esse projeto há um bom tempo, achei muito bacana os textos se tornarem mais palpáveis com música, cenário e elenco. E eu AMEEEEEEI esse seu texto, acho que facilmente logo você e a Ale estarão escrevendo um livro de contos, eu não me importaria em ler, principalmente se envolvem bad boys, haha.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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    1. AAAAAAAAAAAH LESLIE
      QUE MAGICO
      obrigada, esse apoio é muito especial ♥
      de verdade!

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  7. Bad Boy hahahahaha!
    Gostei da história, mas o que mais gostei foi da música do Imagine Dragons, não conhecia e já até baixei aqui na minha playlist hehe :)

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  8. Olá Pam, como você está?
    Gosto muito desse projeto porque com o decorrer dos anos os textos foram criando mais forma, ficaram mais fáceis de ler e entender, esses em forma de diálogo são maravilhosos e pensei que você ou vocês poderiam escrever um livro, isso sendo uma meta a médio/longo prazo, acho que super venderia.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. OIe Van!
      Pensou? Olha, quem sabe hein? ;)
      Fico pensando, confesso rsrsrsrsrs

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  9. Que legal o projeto, adorei a escalação e o texto. Fiquei imaginando aqui
    Blog Entrelinhas

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  10. aaa amei esse texto. Adorei as palavras escolhidas e em como usou.
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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