Words Challenge 2021 - Amor à primeira vista

Postado em 12 de fevereiro de 2021 às 05:46

Hey cupcakes! Como vocês já sabem, eu e a Alê do blog Estante da Alê anualmente preparamos com muito carinho um desafio de palavras durante o ano todo, onde podemos nos desafiar e trazer um texto diferenciado no conteúdo dos nossos blogs. Esse ano nossas postagens vão ser um pouco mais completas, com direito a elenco, trilha sonora e cenários... Vocês poderão ver um pouquinho delas no Insta Rascunhando Memórias. Que tal conferir o nosso tema desse mês - Amor à Primeira Vista?

Continue lendo para conferir!

Põe pra tocar: Starving - Hailee Steinfeld

Elenco:
Personagem Feminina: Alexandra Breckenridge
Personagem Masculino: Chris Hemsworth

Palavras:

lanterna, aceita, volta, leite, lavanda, só.

Por que eu fui contar para Carlos que eu era ?

Claro que ele tinha que convidar eu e meu filho para um churrasco, né? 

E o pior de tudo? Além de não ter a mínima ideia de que roupa posso usar para um tipo de evento desses, ainda vai ter muitos homens.

Mulheres também, mas... Homens. O time do corpo de bombeiros da cidade.

Ai, Iago... Onde você me meteu?

Mas ele me garantiu que eu faria companhia à sua "velha esposa" e meu pequeno certamente ficaria muito contente de conhecer novos amiguinhos.

Por que o Iago tinha que estar perto para ouvir mesmo?

Ele agitou os bracinhos e saiu correndo pela casa dizendo que iríamos passear na casa do seu amigo Carlos.

Crianças....

Mas eu não tenho culpa que tudo acabou acontecendo de uma maneira... natural, por assim dizer.

Iago é meu filho. 

Meu pequeno ponto de luz e de estardalhaço porque ele faz muito isso na sala de casa. 

Minha válvula de escape para a felicidade.

Apesar de nunca ter tido marido e meus namorados do colégio e da faculdade terem sido só decepção, eu sempre quis adotar uma criança. Era algo que eu sempre tive comigo, mesmo antes de descobrir que eu não poderia ser mãe por métodos naturais ainda jovem. Depois do apoio da minha família, entrei na fila. Mesmo solteira e sem nenhuma pretensão de casar no momento ou talvez um dia...

Demorou. Levou um tempo.

E demorou mais um pouco.

Chorei.

Pensei em desistir.

Continuei.

Tentei não perder a fé.

Dormi no meio de muitas orações.

E com a fé quase abalada, aquele dia 23 de maio restaurou não somente minha crença como a minha força de viver. E cá estou eu com o meu pequeno. 

Meu pequeno cheio de energia que se tornou amigo de Carlos, o bombeiro que eu comentei um pouco mais cedo. Ele o tirou de cima da árvore tantas vezes que já nem tenho como agradecer com uma torta de amora para ele e a esposa ou mesmo os bolos que faço para venda aos finais de semana, a fim de uma renda extra para nossa vida difícil. 

Não pude senão aceitar o convite de Carlos e a esposa — ambos na faixa dos cinquenta e poucos anos. Ele, de cabelo fino e grisalho, com uma "barriguinha da cerveja dos finais de semana" e ela, com cabelos claros e grandes olhos azuis atrás de uma armação dourada. 

Assim que toco a campainha, percebo um cheiro delicioso do lado de fora: um canteiro de lavandas em frente ao portão branco. Minhas flores favoritas. Um sinal de que tudo pode correr bem?

Apesar de mandar os doces por Carlos e a esposa dele já ter me visitado, nunca vim até a casa deles.
Assim que ela abre o portão, nos recebe com um abraço apertado, que sempre faz com que eu me sinta em casa. Ouço uma algazarra no fundo, assim como alguém sendo jogado na piscina. 

A casa é grande e o quintal é maior ainda. Um gramado verde se estende ao redor de uma piscina. A casa no estilo sobrado parece digna de um filme americano. 

— Bem vinda, Carol. Espero que você goste de churrasco, mas se eles fizerem mal para a digestão do seu estômago assim como para o meu... Temos aqueles brutamontes assando legumes junto com as carnes. 

A senhora aponta para a churrasqueira onde um homem com uma bermuda jeans justa e um avental rosa bebê está virando legumes e carnes na grelha, conversando com outros homens.

— Aquele na churrasqueira é meu filho. Já vou te apresentá-lo, mas antes... 

Ela foi me falando o nome de todos os rapazes que estavam ali. Um mais alto que o outro, fortes e Deus... Muito bonitos. E a maioria casado, claro. As esposas com os bebês, me cumprimentaram com carinho. 

Seguro a mão do meu pequeno, me resgatando à minha verdadeira realidade. Foco, Carolina.
Sinto meu rosto queimar assim que nos aproximamos da churrasqueira. O filho de Márcia está virando alguns legumes e espetinhos de carne. Tem algo de errado com o meu coração... Por que depois que eu olhei pra ele, tá tudo.. Disparado?

De perto ele é ainda mais bonito. E quando ele se vira...

Aceita milho assado com manteiga?

O sorriso que ele abre congela no rosto e o percebo encarando meus olhos, com um tipo de reconhecimento que não faço ideia. Nunca o vi antes, mas meu corpo parece reconhecê-lo, porque age de uma forma que eu não consigo compreender. Familiar. Reacional. Real.

A labareda que consome meu rosto se atiça no meu pobre coração.

Pare com isso, pare!

Ele não usa camiseta, então o avental corre pelo peito descoberto e bronzeado.

— Desculpe... Eu não como manteiga. Não... Não assim. Mas obrigada. — Tento sorrir, mas tenho certeza que devo ter feito uma careta. Ele continua me observando e o vejo apagar o sorriso e desviar dos meus olhos só para voltar a me encarar novamente. 

Até meu filho o cutucar e levantar os bracinhos, abraçando seu quadril.

— Samuca, ela não pode comer senão vai passar mal... — Iago puxa o avental do rapaz, que o pega no colo e bagunça o cabelo dele, sorrindo com o gesto.

Ele desce o olhar por meu corpo e retorna aos meus olhos. O magnetismo que ele exala está me fazendo querer sair daqui. Eu... Não entendo as coisas que ele me faz sentir. 
Será que é a vergonha que o baixinho está me fazendo passar?

— Esse é meu filho Samuel, Carol. O mais novo dos pestinhas.

Ele põe o milho de volta na grelha e estende a mão para um aperto suave em minha mão, ainda com meu garoto em seu colo.

— Meu amiguinho aqui comentou que a mãe dele era bonita, mas não disse o tanto. — Seu sorriso fica maior e ele me dá uma piscadinha, olhando de Iago pra mim. Se eu já estava ruborizada antes, não me lembro. — Prazer, Carol. Se precisar de alguma coisa... Eu posso pôr pra queimar.

Quase engasgo com a minha própria saliva. 

Ele está... FLERTANDO NA CARA DURA? Não deve ser. Na frente da mãe dele? Não..

Márcia olha com a sobrancelha arqueada para o filho e cochicha algo no ouvido dele, que faz uma careta assustada e assente. Ele solta meu pequeno, que claramente já o conhece, e volta a virar as carnes — mas não sem dar uma pequena olhada em mim outra vez.

Tento ignorá-lo, mas sei que algo palpitou. Algo que eu nunca senti antes.

Mas não tenho muito tempo para pensar nisso, porque Márcia engancha meu braço no dela e me leva para conhecer as outras mulheres e outros rapazes, mas certos olhos azuis não saem da minha cabeça.

Quando o meio da tarde chega, muitas pessoas já foram embora há algumas horas e estou pronta para ir pra casa — o calor do dia se estendeu por meus ossos numa preguiça gostosa e sinto que posso dormir a qualquer instante. Observo com os olhos atordoados de sono meu pequeno sentado no joelho de Samuel, este último, que gesticula com ânimo para seus colegas enquanto meu filho está encostado no peito descoberto, também com sono — aquela velha ideia de tal mãe, tal filho. Engulo em seco porque as íris azuis me encontram e desvio prontamente. 

Mas ele viu que o estava encarando.

Juro que tento ignorar a crescente palpitação quando ele se levanta e vem até a poltrona onde estou sentada, com o meu menino no colo.

— Oi... — Ele está com aquele sorriso de novo no rosto. — Ele está no décimo sono.

— E ele nem tomou o leite da tarde. — Olho com carinho e deslizo os dedos pelo cabelo do meu pequeno em seu colo. Finjo que o toque em seu peito desnudo, sem querer, não ardeu em meu dedos. — Acho que já está na hora de eu ir. 

— Eu posso levar vocês. 

— Hã? Não quero atrapalhar, imagina, Samuel.

— Não é nenhum incômodo, Carol. Vou pegar a chave da caminhonete.

Onde eu fui me meter?

Ao menos ele foi e vestiu uma camiseta. 

Branca.

Ai.

Assim que Samuel coloca meu pequeno no banco de trás, na cadeirinha emprestada do seu irmão mais velho, vejo o cuidado que ele tem. E quando ele pega a estrada para me levar para casa, eu não estou preocupada de que ele vá fazer outra coisa comigo a não ser me levar até lá.

Mas ele me surpreende, ficando no limite mínimo da velocidade, na lanterna de um caminhão. Posso vê-lo me observar através da nevoa de sono, mas não consigo manter os olhos abertos. A noite passada eu tinha dormido tarde com Iago devido a um corte que ele fez na mão pegando frutas e não estancava e eu estava revivendo aquela cena e...

— Carol? 

Meu nome parece chocolate derretido em meu ouvido.

Abro os olhos e vejo o sorriso divertido e os olhos brilhantes me encarando. Ele tirou o cinto de segurança e olha para meu filho que dorme no banco de trás.

— Oi, desculpe... 

— Nós chegamos. É essa sua casa, não é? 

Olho para a roseira conhecida e para o portão marrom. Assinto com um sorriso.

— É aqui mesmo... Como você sabia?

— Meu pai sempre fala de você com a minha mãe. A moça com o pequeno da casa trinta e dois... Vou te ajudar com o pequeno polegar ali. 

Ele abre a porta de trás e tira meu filho do banco de trás e o acompanho até a porta. Samuel insiste para que eu abra a porta para ele colocar meu filho no sofá e depois retorna à porta.

— Acho que é aqui que eu me despeço. — Ele coça a nuca e me encara. 

— Obrigada, Samuel. Eu não tenho nem como agradecer...

— Imagina... Eu só queria te dizer uma coisa. 

— O quê?

— Sua torta de amora é a minha favorita. Quando... você tiver alguma, me avisa para que eu possa buscar? Suas mãos.. São divinas. 

Sorrio e aperto os olhos.

— Você gostaria de entrar e comer uma fatia de torta? Eu fiz uma ontem que ainda tenho aqui....

Ele morde o lábio inferior. 

— Só se for agora.

E com o coração aquecido pelo sorriso que ele me dá, abro as portas da minha casa e sorrio com a ideia do que ele poderia fazer com o meu coração... Ele pode?

Que bobeira... 

Mas... Talvez não.

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9 comentário (s)

  1. Oi, Pâmela. Como vai? Excelente o texto, ficou coerente e atrativo. Gostei. Parabéns! Um abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
    IAGO, MEU AMORZINHO, CONVENCE A TIA PÂMELA A FAZER UMA CONTINUAÇÃO, POR FAVOR?
    A gente precisa de um beijinho PELO MENOS.
    beeeeeeeeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. AH, EU TAMBEM QUERO SABER ONDE VAI ROLAR ESSE BEIJINHO DONA ALESSANDRAAAAA

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  3. Oi Pam,

    Nossa, fiquei hipnotizada com a história. Sempre passo vontade com esses textos de vocês, querendo mais.

    Ansiosa pelo próximo.

    Beijos
    http://tear-de-informacoes.blogspot.com/

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  4. Oi, Pânzinha

    Nunca comi torta de amora. Amora é caro e agora você me fez querer fazer uma. Não gostei! Hahahahha
    Adorei que agora teremos elenco e trilha sonora!
    E achei muito fofo que ela adotou o filho, sinto falta de ler mais histórias com crianças adotadas!
    Você arrasou, depois dessa fatia de torta minha imaginação já foi pra outros lugares. Hahahahha

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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    1. Menina, eu só fiz bolo, acredita? Recentemente e ficou muito bom!
      Mas acho que a torta deve ser uma delicia também! ♥
      obrigada !!!!!!
      AAAAH essa torta....HEHEHEHEHEHEHEHHE

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