[PROJETO] Com amor, por favor sem flash - Dezembro 2013

Postado em 7 de janeiro de 2014 às 23:03

Acabei esquecendo de postar antes aqui a carta que recebi em dezembro da Luh Marcely do blog November92. Nessa terceira rodada tínhamos que fazer um outro conto de algum conto de fadas. Em minha cara eu escrevi da Bela e a Fera, e a Luh fez reescrita da Branca de Neve.


Conto: Não há tempo para o amor 
Durante muito tempo eu fui apaixonado pela mesma garota. Somos muito amigos. Depois de anos escondendo o meu amor, um amigo meu me encorajou a dizer a ela. Foi então que decidi contar tudo e chamá-la para ir ao cinema, era um pouco clichê, mas ela gosta. Na verdade, eu sei todos os gostos dela
Ela é linda, delicada e inteligente. Só que tem um porém : a madrasta dela não gostava de mim porque eu sou pobre, só que isso não me abala. Fui mesmo assim. Esperei ela terminar a aula de educação física para poder falar com ela. Eu estava muito nervoso. Ela está vindo com as amigas delas. Ela me viu e sorriu. Falou alguma coisa para as amigas e veio até mim. Sorrindo.
     - Carlos! O que houve? - Seu cabelo era preto, por estarem molhados, pareciam brilhar mais do que o normal. Sua pele é bem clara e por isso dava para ver nitidamente o desenho das maçãs rosadas em seu rosto. 
    -  Eu ... Sabe, vai lançar um filme muito legal no cinema, só que eu gostaria de assistir com você. - Eu realmente estava nervoso.
    - Neste sábado, as 22 horas. Tudo bem pra você , Angela? 
 Ela ficou pensativa por alguns instantes. 
    - Sim. Vai mais alguém?
Oh. Aquela pergunta  havia me pegado de surpresa. Passei a mão  nos meus cabelos e baixei a cabeça um pouco nervoso.
   - Bem, não, quero dizer, eu estava pensando  se tinha como, ahn, só a gente. - Só consegui olhar para ela depois que terminei de falar. Percebi que ela ficou bem corada, acho que ela percebeu. Afinal, ela não é boba.
   - Tudo bem. - Disse entre risos. - Eu vou.
Depois olhou para mim com aqueles olhos incrivelmente pretos. Eles pareciam brilhar, mas acho que foi só impressão minha e me disse: 
   - Carlos.... Eu gostaria de te dizer uma coisa. - Ela parou, colocando o cabelo atrás da orelha. Apenas fiquei quieto esperando ela me dizer. Ela olhou para o lado e sorriu sem graça - Eu... Bem... 
   - Angela! Vamos nos atrasar! - Gritou uma das amigas dela . Angela olhou para elas e fez um gesto indicando que já estava indo.
   - Tenho que ir!
   - Mas o que você tem a me dizer, é importante?
   - Sim.
   - É para preocupar? Porque fiquei preocupado agora. É grave? - E era verdade. Eu fiquei realmente preocupado. Ela riu. 
   - Não, mas é importante.
E então ela foi.
Cara, eu nunca desejei que um sábado chegasse logo, e faltam apenas dois dias para o sábado.
A madrasta de Angela pensa que todo mundo que não está no mesmo patamar financeiro que ela, é pobre. Fala sério, nunca vi uma velha tão preconceituosa quanto ela. Na verdade, o pai de Angela é um grande fazendeiro e a mãe dela gostava muito de maçãs, quando a mãe de Angela faleceu, em sua homenagem o Sr. Cooper, pai dela, plantou uma macieira perto da janela do quarto de Angela, lembro disso muito bem. E não demorou muito e ele casou-se novamente. 
Angela me disse que as duas não possuem um relacionamento muito legal, quero dizer, vivem discutindo, ela quer tirar de Angela tudo que ela gosta, e também os amigos mais chegados, e isso me inclui. Toda vez que vou na casa dela, a velha nem olha direito na minha cara. 
Enfim, é um favor que ela me faz.
No dia seguinte, enquanto eu estava na aula de Literatura Contemporânea que, eu não estava prestando atenção , Angela me manda uma mensagem de texto no celular toda contente dizendo que ela foi indicada pela Sra. Hughs, a professora de arco-e-flecha da escola, para competir no Campeonato Regional de Arco e que não conseguia conter a alegria. Ela escreveu também que vai sair com o pessoal do time dela para comemorar hoje a noite e gostaria muito que eu fosse. Eu até queria ir, mas prometi a minha mãe que ajudaria com a nova carga de flores que iriam chegar para a loja dela, minha mãe tem uma floricultura, e não poderei ir. Respondi isso. Angela entendeu, mas mandou uma carinha triste no final do "Entendo..." 
Eu estava em casa assistindo qualquer coisa na TV, aguardando o carregamento, ouvi meu celular tocando. Era ela.
    - Oi Ange.
    - Carlos, oi. Queria saber se não tem como você ir mesmo. Não vai ser grande coisa, apenas vamos comer qualquer coisa lá na lanchonete do Bobby.Sério.
Pelo tom de voz dela, ela realmente queria que eu fosse. Eu deveria ter ido. 
    - Desculpe Ange, mas não posso.
Silêncio. 
    - Ok. - Ela tentou ser alegre. - Então, te vejo amanhã?
   - Com certeza. - Rimos. Depois, lembrei-me que ela tinha uma coisa para me contar - Ange... 
   - Oi... 
   - Sobre aquela coisa que você ia me dizer o que era.
   - Ah... Não é o tipo de coisa que eu quero falar pelo telefone. Tem que ser pessoalmente.
Respirei. Não pode ser algo tão terrível assim, pode ? 
    - Entendi. - Silêncio novamente. - Bem, até amanhã.
    - Até. 
E desligamos.
Não demorou muito e chegou o carregamento da minha mãe. A nossa casa é no andar de cima da loja da minha mãe.
Já se passava da meia-noite e eu estava cansado, porém com insônia. Estava passando um filme antigo na tv, minha mãe já apareceu aqui umas duas vezes pedindo para que eu fosse dormir e a minha resposta foi a mesma "daqui a pouco". De repende, meu celular toca, vi o nome do Will no visor. Will um amigo em comum entre Angela e eu. Ele também faz parte do time de Arco e Flecha dela. 
Atendi.
      - Fala,Will. 
      - Cara, onde você está?
      - Em casa, por quê?
A voz dele estava muito diferente. Preocupado, talvez.
      - Angela. Ela sofreu um acidente.
      - Ela o quê?
Eu não soube o que fazer. Meu mundo parou. Fico imaginando em como as pessoas gostam de deixar tudo para fazer depois. E se eu tivesse falado para Angela o quanto eu a amava? Será que ela iria me compreender?
Sabe, as pessoas tem que agir. Quando elas querem fazer algo, então faça, não fique imaginando as mil possibilidades daquilo dar errado. Mas e se der? Pelo menos você tentou. E eu aprendi da pior forma possível.
Da data do acidente até hoje, se passaram três anos. Ela entrou em coma. E em todos os dias desses três anos eu a visito no hospital e trago uma maçã.
O cabelo dela cresceu muito desde então e ela ficou muito pálida.
Fora eu, apenas alguns dos velhos amigos dela vem visitá-la, uns casaram, outros mudaram de cidade, enfim,tomaram um rumo na vida, os que vem vê-la não passam de doze pessoas.
Você deve estar se perguntando o que eu faço nesse tempo que fico aqui. Bem, parece loucura mas nós conversamos,quero dizer, eu conto como foi meu dia, leio um livro para ela, essas coisas.
Mas teve um dia que eu vi a mão dela se mexer.
A felicidade brotou em meu peito. E o que eu vou contar agora pode parecer meio doentio, mas fui até ela e beijei-lhe a testa, em seguida, peguei na mão dela e o acariciei com meu dedão e abaixei a cabeça.
       - Angela... Por mais que o tempo passou, meu amor por você nunca diminuiu. Eu sinto a sua falta, sabe? Você deve estar me achando um completo ridículo e que, provavelmente, brigaria comigo por estar perdendo meu tempo aqui em vez de me divertir. Mas o fato é que eu não vejo mais graça em nada ... Durante esses três anos muita coisa ruim aconteceu comigo e a última coisa que eu quero, no momento, é perder você também, então, por favor, não me deixe...
Minha garganta apertou e as lágrimas rolaram teimosamente, mas foi aí que senti a mão dela apertar a minha.
        - Se eu soubesse que você gostava de mim, tinha me declarado bem antes.
A voz dela pairava no ar com a doçura de...Uma maçã.
       - O que...?
Levantei minha cabeça no mesmo instante e seus olhos cansados se chocaram com os meus tristes. Ela sorriu e passou os dedos fracos em meu rosto, eu estava em estado de choque, não conseguia fazer nada além de chorar.
       - Ei.... Para de chorar. - Ela disse com um sorriso suave esboçando no rosto, em seguida encostou um dedo na minha boca - Shhhh, eu já estou bem.
       - Por favor... Não...Não fale... - A voz dela estava muito fraca e ofegante. - Eu vou chamar um médico e...
Ela segurou a minha mão com o máximo de força que conseguiu e olhei para ela enxugando os olhos, ela sussurrou alguma coisa que eu não pude entender muito bem, então eu aproximei meu ouvido da boca dela e escutei:
       - Eu te amo. 
Foi então que eu corri para chamar um médica e sorri largamente... Depois de três anos.
                                                                                    * * *

Estou aguardando ansiosamente pelo próximo - carta ao personagem. E vocês? Já participam? ;)

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7 comentário (s)

  1. awwn, que lindo, já recebi uma cartinha da Luh no minha primeira rodada (que foi a segunda do projeto) e ela arrasa nas histórias, faz a gente suspirar de lindeza *-*.

    www.lirisando.com

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  2. Amei seu blog haha, seguindo, sdv? obg http://photosandbookspb.blogspot.com.br/

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  3. Own, que fofo! Adorei a história.
    Já havia visto esse projeto em outro blog, mas não sabia do que se tratava, achei muito interessante :D

    Beijo

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  4. Own, amei o conto *---------* Por favor, escreva mais!!
    cronicasdeumlunatico.blogspot.com

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  5. adoooorei achei super lindo.
    :*,
    http://meuunicorniodeestimacao.blogspot.com.br/

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  6. Que lindooo! Mto legal essa troca de cartas. Não conhecia esse projeto. seguindo ^^
    http://coisasdebelaa.blogspot.com.br/

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  7. Awn meu deus que conto lindo (admito, quase chorando aqui no final haha)
    Eu também participo do projeto e é isso que eu mais amo nele, a possibilidade de encontrar contos tão lindos e tão bem escritos como esse!
    Beijos honey, quem sabe um dia a gente não se sorteia? :)

    http://meuuniversox.blogspot.com

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