Words Challenge 2022 - Vizinho

Hoje é dia de Words Challenge e o tema é VIZINHO! Venha conferir as palavras e fanficar comigo!

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Palavras: interrupção, estante, fina, despreparado, cutucada, xícara

Música: Sobrio - Maluma

Personagem Masculino: Maluma

Personagem Feminina: Karol G

Já era a quarta vez que eu ouvia aquela batida irritada na porta do vizinho. Uma mulher gritando na porta do apartamento. E olhando pelo olho mágico da porta eu podia ver um rapaz bonito, com uma mão segurando a toalha, ainda meio ensaboado do banho e a outra mão levantada em rendição.

– Você está invadindo a minha casa pela quarta vez, mulher! VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCA! VOCÊ PEGOU A CHAVE DO MEU APARTAMENTO ESCONDIDO E FEZ UMA CÓPIA E NÓS NÃO TEMOS MAIS NADA EM COMUM!

– VOCÊ ME ENGANOU!!! VOCÊ É MEU, VOCÊ É MEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEU!!! - A mulher apalpava e ele tentava se esquivar, com uma cara assustada, da invasão da mulher.

– Escuta, Adelaide, não precisa gritar... Todos os vizinhos vão escutar e reclamar pro síndico DE NOVO e aí é capaz dele me expulsar dessa vez. Eu tenho que ficar aqui, que é o lugar mais perto do meu trabalho no estúdio, você sabe muito bem... E não quero ter problema com os vizinhos. A moça da frente já deve estar louca com os seus gritos quatro vezes nessa semana. Podemos ir conversar em outro lugar? Eu vou terminar de tomar banho e...

– Eu só queria saber porque você não quer ficar comigo, Papi*.

– Não sou seu Papi, você sabe muito bem, Adelaide! Você mesmo concordou com a casualidade... VOCÊ que sugeriu, eu devo dizer.

As paredes finas me deixavam escutar TUDINHO da conversa deles e por vezes outras coisas que com certeza o vizinho bonitão fazia com suas... Visitas. Eu já estava quase estourando uma pipoca, quando ouvi tapas e a menina recomeçou os gritos.

Resolvi fazer alguma coisa pra ajudar o meu vizinho da frente que estava certamente despreparado para esse tipo de situação, ainda mais pela voz da mulher que ia aumentando cada momento.

Mas acho que quem estava despreparada era eu, porque quando abri a porta, a garota estava tentando agarrá-lo e a sua toalha já tinha escorregado e estava cobrindo apenas a parte da frente de forma muito escassa...

– Desculpa a interrupção...

A mulher finalmente me olhou com o olhar de quem me mataria a qualquer instante por ter atrapalhado a sua tentativa de deixá-lo nu em pelo.

– Pois não?

O tempo da mulher se virar, foi tempo suficiente para ele ajustar a toalha em volta do quadril novamente. Para minha infelicidade.

Espera.

Me dá um desconto. Já fazia um longo tempo que eu não ficava com ninguém e ver um homem bonito daquele tinha balançado minhas estruturas. Eu não tinha ideia que ele era tão gostoso, mamãe que me perdoe por pensar isso, mas contra fatos não há argumentos.

O olho mágico não fazia jus às tatuagens espalhadas pelo braço, pescoço e peito. E olha que eu nem gostava de tatuagem... Além da barba escura por fazer que subia pelo maxilar contrastando com a pele dourada do sol e olhos castanhos que me encaravam com alívio.

– Preciso falar com você... - Estava tentando me lembrar do seu nome, mas eu tenho certeza que me lembraria dele se já tivéssemos sido apresentados. – Eu estou fazendo uma receita e está faltando... Ovos. Preciso de uma xícara de ovos batidos. E trigo.

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Sério, Anita?

Ele arqueou a sobrancelha, mas logo desfez a careta e concordou muito sério.

– Claro. - Ele assentiu. – A minha amiga Adelaide já está de saída... – Ele pegou a chave da mão dela e, acredito eu, que um pouco envergonhada, ela saiu puxando a bolsa perto de si, visivelmente frustrada, sussurrando algo, e finalmente desistindo quando ele falou: – Pode entrar, linda. Vou pegar pra você, fica a vontade.

Assim que entrei na sua casa, ele pediu um minuto. Ouvi o chuveiro abrir e rapidamente fechar. Mais alguns minutos e de fundo ouvindo uma batida gostosa tocando. Um reggaeton bem do jeitinho que eu gosto. Uma estante cheia de vinis e livros do outro lado.

Ya que sobrio no me da (no, no, no, no)
Por eso te estoy llamando
Tengo la necesidad de saber cómo te va
Y si aún me sigue' amando, lo he intenta'o

Ele voltou alguns minutos depois, de banho terminado (finalmente), sem toalha enrolada, de regata branca e bermuda preta e com um sorriso pra mim. Ele ajoelhou e pegou minha mão.

– Obrigada, minha salvadora. - Ele sorriu e que sorriso bonito ele tinha.... Dentes brancos e aquele jeito que sabe que é charmoso demais para sanidade das mulheres. – Eu nem te agradeci. E nem sei o seu nome. Que é...???

– Não há de quê. - Estendi minha mão para um aperto, mas ele pegou com delicadeza e beijou o dorso. - Sou Anita. A moça do apartamento 504.

Ele assentiu, sem desviar o olhar.

– Você precisa da sua xícara de ovos batidos? - Ele continuou sorrindo daquele jeito que fazia cócegas no meu estômago.

Neguei.

– Foi só uma maneira... Muito não-criativa... De tentar te ajudar, desculpa. Ela estava... Exaltada. - Para ser muito educada, né?, quase acrescentei. - Acho que o senhor do 508 poderia aparecer qualquer momento.

O que não era uma total mentira.

Ele continuou com aquele sorriso, mas não desviava dos meus olhos.

– Na minha opinião, você foi muito criativa, acredite, Anita. – O meu nome soava como mel na boca dele. – Acho que eu deveria preparar alguma coisa você por questão de agradecimento.

– Realmente não precisa, eu...

– É um agradecimento. Sério. Eu tenho risco de sair do prédio por causa daquela mulher... Então obrigado.

Era um risco acreditar nas palavras dele, naquela cara de que poderia causar um rombo no meu coração se eu deixasse, só com aquela voz que derretia pelos meus ouvidos como mel.

Claro que eu não deixaria.

Provavelmente em alguns meses ele sairia dali e aí quem ficaria com um rombo no coração seria eu. Mas não tinha problema olhar para o meu novo vizinho, não é mesmo?

Ele foi para a cozinha e começou a fritar bacon, passou manteiga no pão e preparou duas tigelinhas com os ovos, levando ao micro-ondas para finalizá-los. Os tendões em evidência no movimento dos braços, as tatuagens que a camiseta não escondia e a barba que subia pelo queixo. Ele colocou os descansos de prato na mesa e me serviu um copo de suco de laranja.

– Sabe que eu ainda não sei o seu nome?

– Claro... É verdade. - Ele desviou dos meus olhos e pegou na minha mão. Sua mão era grande e quente perto da minha. – Sou o Juan. Es un placer conocerla.

Hummm... Então ele realmente não era brasileiro. Ainda deve para ouvir o sotaque na voz dele que tinha um tom tão...

Soy colombiano... Pero... Logo devo voltar pra cidade. Vai ser difícil continuar aqui depois desse tanto de reclamação provavelmente que devo ter acumulado com essa señorita.

– Bom, talvez eu possa te ajudar. - Dei uma garfada e prendi um gemido na garganta. QUE DELÍCIA era aquela? – Se você fizer mais alguns destes pra mim.

Dei uma cutucada em sua cintura e em seguida mordi a unha, me repreendendo pela atitude ousada com meu vizinho. Ele olhou de lado e sorriu.

Puedes pedirme todo lo que quieras... Digo... Claro. Se for pra você me ajudar a ficar aqui por mais alguns meses, eu ficaria feliz em fazer essa troca. Meu trabalho exige isso, sabe. Ao menos por enquanto...

Apontei para a caixa de som.

– Você que está cantando?

Ele assentiu e ruborizou.

– Quem sabe um dia chegue nas rádios.

Assenti e sorri de lado.

– Aposto que sim. Sua voz é...

Batidas incessantes na porta outra vez. Ele sussurrou "me desculpe" e tirou a camisa, desabotoando a calça. Veio até meu cabelo, bagunçou um pouco e me deu um beijo, deixando um carinho no meu pescoço. As batidas continuaram. Eu não queria finalizar aquilo e ele mordeu meu lábio antes de soltar, passando o polegar pelo meu lábio inferior, me observando por um instante muito breve. Ele segurou meus dedos e passou minhas unhas pelo seu peito. Marcas vermelhas ficaram em sua pele e desejei por um momento ter sido eu mesma a provocá-las. Ai minha mente...

– Me desculpe a ousadia, Anita. - Ele beijou meus dedos e voltou para abrir a porta.
Não era a intenção dele inicialmente, claramente, que tivesse alguma coisa a mais, mas tinha algo nele... Aquele cheiro. A forma como a boca dele saiu marcada de batom e como a barba marcou minha pele...

– Oi? Opa...

– O QUE?

– Você está atrapalhando, Adelaide. - Ele fez um gesto apontando para o corpo. - Eu realmente preciso ir. - Ele fez um gesto como se realmente não pudesse atender e mostrando seu estado, e trancou a porta para a mulher embasbacada. E talvez eu mais ainda com a aparência que ele realmente estava, quando encostou as costas na porta.

– Desculpa... Mas ela não ia desistir. Eu prometo que não chego mais perto de você. – Ele mostrou as mãos em rendição

Revirei os olhos e dei um sorrisinho, como se não fosse nada, mas a última coisa que eu queria era que ele ficasse tão longe de mim.

*Papi é um apelido fofo em espanhol que designa 'namorado'

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