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Words Challenge 2019 - Janeiro/Capricórnio

Hey cupcakes! Hoje é dia de Challenge - que eu deveria ter postado já no dia 18, mas não consegui rs - e, não sei se vocês sabem, mas esse ano eu e a Alê do blog Estante da Alê  continuamos com os challenges do ano passado mas um pouco mais ousadas: aumentamos os textos, aumentamos as palavras e estamos fazendo personagens inspiradas em cada mês. Agora estamos em janeiro e existe, ao menos, um personagem capricorniano(a) nos nossos textos com características como ser fatalista, prático, apegado, prudente, ter senso de humor e paciência. Lembrando que o tema é Recomeço 😉

Vem conferir o meu texto? Continue lendo!
Não esquece de conferir no blog dela também!

Challenge - Janeiro
Palavras: luz, prioridade, crise, conforto, lar, joelho, presença, pássaro

Sempre tive a tendência da lei de Murphy - acredito que o que tem que dar errado, vai dar errado independentemente do que eu possa fazer para mudar a situação - e sempre vivi muito bem com isso, obrigado. Em algumas situações, aceitar que algo deu errado simplesmente te alivia de outros mil sentimentos que possam surgir depois, te reveste de uma armadura e evita a crise emocional... Bem, pelo menos foi o que sempre acreditei.
Então, quando uma desastrada esbarrou comigo enquanto olhava para o céu eu nem me preocupei.
- Olha por onde anda, garota!
- Na verdade, você que estava muito ocupado olhando pro próprio umbigo!
- Eu ou você que estava brisada?
- Ah! Quer saber? Que se dane. - A garota me mostrou o dedo e saiu andando.
Espera... Aquilo eram lágrimas nos seus olhos?
Ela deu mais alguns passos apressadas mas eu senti uma bola de chumbo pesar no meu estômago.
Fui atrás da moça de cabelos castanho-claros e olhos castanho-escuros. Quando ela entrou no Café da Josi, eu entrei atrás. A moça pediu um latte com creme e um cookie para acompanhar. Sentei ao seu lado e pedi o mesmo para o atendente.
- Ah, você tá de brincadeira, né? - Ela revirou os olhos, limpando os mesmos com as costas das mãos sob o moletom. - Além de me seguir veio pedir a mesma coisa?
- Desculpe, eu fui rude.
- Sério? Nem teria percebido. - Ela me encarou com os olhos ainda vermelhos.
- Eu não vi que você estava chorando... Eu.. Eu só tinha outra prioridade e não tinha nada a ver com você.
Ela me olhou novamente e suas sobrancelhas confusas desanuviaram lentamente.
- Quer saber? Tudo bem. - E abriu novamente o livro que estava lendo, disposta a me ignorar completamente. - Não se preocupe com isso.
Quando o atendente voltou com os nossos pedidos, ela tomou um gole e virou uma página.
- Eu vou pagar o dela também.
Ela levantou os olhos, parecendo finalmente me ver ali.
- Você não precisa fazer isso.
Não mesmo, mas eu senti, naquele momento, o conforto ao fazê-lo.
- Não. Mas eu quero.
E levei o copo descartável e o cookie na mão, abrindo a porta pra ir embora. Quando estava tomando o rumo para o gabinete de leitura, senti a presença se fazer real quando uma mão pousou em meu ombro.
- Você poderia andar mais devagar, sabia? Eu sou muito baixinha e suas pernas são compridas.
Ela estava atrás de mim, sem o livro, mas com as mãos na cintura, resfolegando. A luz do pôr-do-sol incidia sobre os cabelos e ela parecia ligeiramente cansada.
- Alguém esqueceu de crescer. - Soltei com um sorriso de lado. - Brincadeira. Tá tudo bem?
- Você não precisava ter pago meu pedido. Eu nem te conheço.
- Tá tudo bem, não se preocupe.
- Olha... Acho que não começamos bem. - Ela estendeu a mão. - Meu nome é Glenda. Eu... Eu estava chorando porque ontem foi o funeral da minha melhor amiga... E  eu não tô bem. Eu não deveria estar te falando isso porque você é um completo desconhecido, mas eu também não estou na fase mais normal da minha vida e tá tudo estranho, então, às vezes contar isso para um estranho e ir embora me parece a opção mais real. - Ela fechou os olhos e deixou uma lágrima cair. - É besteira. Eu vou embora.
- Ei... - Puxei sua mão delicadamente. - Glenda, eu sou Bruno. Vamos pra casa. Podemos conversar lá.
Ela me olhou assustada. E eu neguei, soltando sua mão.
- Você também vai se sentir em casa onde eu vou, é aqui pertinho - tem bastante gente na rua e eu não vou tocar em você nem fazer nada de ruim. Me segue. Eu não vou raptar você. Prometo.
Andei mais um quarteirão e virei à direita, chegando ao meu gabinete de leitura no mesmo instante que o pássaro que havia montado um ninho na macieira anunciava minha chegada, como sempre. Entrei e realmente o meu gabinete se parecia com a biblioteca da cidade: aconchegada, com livros empilhados que faltavam ser colocados na organização e prateleiras de madeiras recheadas de obras, separadas por autor.
- Glenda,  esse é meu lar. Espero que aqui você possa se sentir em casa também.
Fiquei de joelhos atrás do meu balcão e tirei um livro de lá. O meu livro favorito que falava de estar aqui e deixar alguém, sobre seguir em frente mesmo com o coração apertado por alguém que se foi. Era uma história linda, dramática, triste e ao mesmo tempo muito esperançosa. Tinha certeza que ela iria gostar.
- Li em uma fase da minha vida que foi muito difícil. Meu pai havia acabado de falecer... - Pausei por um instante, limpando a garganta. - Mas me ajudou muito e acho que pode ajudar você também. Ele está todo riscado, mas quero que fique com ele. Confesso que é um pouco difícil pra mim, mas...- Sorri de lado mais uma vez. - Quero que você sinta as palavras da mesma forma que as senti, que elas possam te ajudar como me ajudaram.
Ela me olhou com aqueles olhos brilhantes e surpresos.
Ela correu atrás do balcão e me deu um abraço. O que eu senti, porém... É que ela não poderia mais ir embora.
Mal sabia eu que aquele seria apenas o início da nossa história.

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10 Comentários

  1. acho super difícil esse tipo de desafio, adorei o resultado do texto

    www.tofucolorido.com.br
    www.facebook.com/blogtofucolorido

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  2. Que estória mais lindinha, Pam, parabéns ^^
    Eu tinha alguma dificuldade de acreditar nessas ocasionalidades, em que você esbarra numa pessoa e acaba se envolvendo, depois. Mas agora eu acredito bastante, pois já me apaixonei e sei como essas coisas simplesmente "happen", e você acaba seguindo sua intuição no momento.
    O carinha do seu conto foi construído bem fiel ao signo. A mulher parece geminiana ou pisciana hahaha
    Beijocas

    https://www.rapeizedinamica.biz

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    1. Obrigada Lincoln!

      não tinha identificado a mocinha hahaha

      realmente! as coisas as vezes simplesmente acontecem

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  3. Uau, você tem um dom lindo para a escrita, sério. Adorei esse conto!

    www.kailagarcia.com

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  4. Oi Pâm, tudo bem?
    Essa história poderia ter sido You se o Joe não fosse um doente psicopata HAHAHA! <3
    Adorei os personagens e os diálogos, é um conto esperançoso pra aquecer o coração. Parabéns!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Depois que você falou, sabe que eu fiquei pensando?HAHAHAHA
      ADOREI
      obrigada!!!

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  5. Nossa! Lindo mesmo!
    http://www.nossomosmoda.com/

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