Uma narrativa sutil e múltipla, revelando aos poucos o que se esconde sob a superfície da normalidade, seja na intimidade da casa de uma adolescente, na vida de uma roteirista no início da carreira ou na legitimação profissional de uma atriz veterana.
Paula e Blake não se conhecem, mas dividem traumas e frustrações em comum. Uma foi atriz de novela no passado; a outra é uma roteirista buscando o seu espaço na indústria cinematográfica no presente. São duas mulheres de gerações distintas, estão em momentos diferentes de suas carreiras, e, no entanto, algo terrível as une: ambas se relacionaram com Wagner, ator e diretor de sucesso, cuja carreira caminha em paralelo a uma série de casos de assédio sexual.
Ao se encontrarem no Café Majestic, suas histórias serão finalmente contadas. Entrelaçando narrativas, Stéfanie Sande cria um romance perturbador e tocante, no qual as aparências do cinema mascaram terríveis verdades sobre ambição, desejo e poder.
RESENHA
Esse livro é o livro que, mesmo curtinho, ele te traz muita coisa para pensar e entender. Eu diria que, ao iniciar a leitura, se inicia um pouco confusa, mas que quando o quebra-cabeça se encaixa, você entende tudo e, talvez - só talvez -, não gostaria de ter entendido tão bem.
Mas passar de Ninguém a Alguém não acontece sem traumas.
Em Café Majestic, temos capítulos da história, capítulos de Polaroides e capítulos de um passado em Porto Alegre e Torres que fica confuso, porque as personagens Paula e Blake, tem suas histórias contadas paralelamente em duas visões de narrativa e você não entende onde vão se encaixar: narrativa em primeira pessoa e em terceira pessoa e de alguma forma, a história das duas vai se conectar. Talvez não de uma forma tão agradável quanto poderia ser.
Você fica com quem você quiser, mas eu vou ficar só com você.
É nesse ponto que descobrimos que Wagner está no passado das duas, sem grandes spoilers. Esse homem é um diretor de teatro, mas na mesma época que ele tem esse emprego, estão surgindo vários casos de assédio no mundo teatral. E quando elas se encontram no café, vão conversar e ver que algumas coisas do passado deixaram marcas mais profundas e que estão escondidas. E como não somos também marcados pelas coisas do passado em nós? Fiquei pensando sobre.
Isso é o mais importante. Não importa o que as pessoas digam, o papel da arte é provocar sentimentos e não dar explicações.
A premissa é interessante porque é diferente, porque você fica esperando que a história se encaixe e a escrita da autora é sem dúvidas muito fluida, mas confesso que a leitura me incomodou um tanto, principalmente no final e isso é unânime. É de revirar o estômago, ficar com irritação e questionar sobre várias coisas, ou seja, te faz sentir pela escrita da autora. O livro é curtinho e nessa tendência pensei que seria rápido, mas levei alguns dias na leitura, processando tudo. Me conta aqui, você também já leu algum livro que, mesmo que curto, tinha uma história bem intrincada e você levou na memória alguns dias depois se terminar ainda?
O livro é direto, nu e cru em alguns pontos e isso vai te deixar curioso e também sensível para alguns tópicos. A escrita de Stefanie é ótima, agora alguns personagens... Confesso que me fizeram revirar o estômago 😶🌫️🤐 Acho que essa é a intenção, se colocar no lugar do outro, e entender que algumas coisas que acontecem podem sim ser evitadas e a forma construída, faz a gente se sentir no lugar deles.
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