Words Challenge 2021 - Aposta

Postado em 1 de outubro de 2021 às 05:53

Hey cupcakes! Como vocês já sabem, eu e a Alê do blog Estante da Alê anualmente preparamos com muito carinho um desafio de palavras durante o ano todo, onde podemos nos desafiar e trazer um texto diferenciado no conteúdo dos nossos blogs. Esse ano nossas postagens estão sendo mais completas, com direito a elenco, trilha sonora e cenários... Vocês poderão ver um pouquinho delas no Insta Rascunhando Memórias. Que tal conferir o nosso tema da vez na minha versão de Aposta?


Continue lendo para conferir!

Põe pra tocar: Naked - James Arthur 



Elenco:
Personagem Masculino: Jake McDorman
Personagem FemininaLaci J. Mailey

Palavras:
propósito, leitor, unha, mordida, bandeja, pegada.

Ela está ali, pegando um ponche, muito próxima da pista de dança.

O vestido preto com flores amarelas marcando o corpo e me fazendo suspirar. A marquinha na panturrilha esquerda visível e o salto com uma palmilha extra.

Céus, eu não consigo deixar de notar cada pedacinho dessa mulher.

E não consigo nem sentir raiva dela porque estou apaixonado demais. 

Arriado e de coração acelerado.

E também me sentindo burro e chateado. 

Burro... Como não percebi?

Para minha defesa, devo dizer que a fiz suspirar em meus braços, que encontrei seus pontos fracos sem precisar levá-la para a cama por isso — o beijo atrás da orelha, a mordida no pescoço e as cócegas quando passo os dedos de leve em seus braços. O arrepio quando...

Só que mesmo assim, o cara bobo com um propósito ainda sou eu. E... Eu fiz parte de um jogo dela.

Bobo porque acabo de descobrir que tudo não passava de uma aposta.

A palavra soa amarga até mesmo em pensamentos.

Ela jogou xadrez com meu pai, cozinhou com a minha mãe, fez bandeirinhas de casamento com o meu irmão como uma surpresa para a esposa dele e conquistou até mesmo o gato ranzinza do casal de idosos da casa ao lado. Não é possível...

Só que ela não enganou ninguém mais do que eu. Cada olhar que ela me dá arrepia minha espinha, cada beijo que ela faz acontecer me transporta para um nível de carinho e desejo que nunca senti igual. Pode tudo ter sido uma farsa?

Encaro o líquido no copo e viro de uma vez — mesmo que seja apenas refrigerante.

O garçom chega com uma bandeja, mas eu recuso. 

— Pedro? Pedro! É espumante... — Ela pega uma taça para ela e para mim. — Você sabe como dividimos nosso espumante. Beijos borbulhantes, lembra? 

Ela me olha com aquele sorriso de lado, ruborizando porque sabe exatamente o que quer, mas a encaro por um segundo antes de voltar a olhar para meu copo de refrigerante.

— O que aconteceu, docinho? — Suas mãos se aproximam do meu pescoço e ela tenta beijar meu rosto, mas eu me esquivo por um instante.

Indico o celular com a cabeça.

Ela arqueia as sobrancelhas e desbloqueia o aparelho, lendo a mensagem em voz baixa.

— "Perdeu a aposta, princesa". — Ela diz em voz baixa.

— Não era para eu ter visto, né, "princesa"? — Uso o apelido que sempre falei de forma doce, mas agora com um tom amargo.

Tento me levantar, mas ela segura meu braço.

— Espera, Pedro. — Ela morde o lábio. — Olha pra mim, por favor.

Ela puxa meu queixo e estamos terrivelmente perto. Sua testa está franzida, olhando cada pedacinho do meu rosto. Posso sentir seu hálito quente perto demais e vacilo por um momento. 

— Você entendeu tudo errado. Eu perdi a aposta.

— Então você admite que eu era sua aposta?

— Não queria que você descobrisse desse jeito antes que eu pudesse te explicar. — Ela segura meu rosto com as mãos. — Aqui nem é lugar pra te contar tudo isso, mas eu.. Vou fazer isso, se você deixar.

Assinto, parecendo relutante. 

Só pareço.

Porque sempre existe uma chama de esperança pela qual eu queira lutar.

— Vamos para um lugar mais reservado, por favor? 

Está frio e vejo seus braços ficarem arrepiados quando nos sentamos no jardim, em um banco de madeira. A unha machuca minha palma porque me seguro para não abraçá-la forte antes de ouvir o que ela tem pra falar. Os nós dos meus dedos estão brancos e odeio não poder ser nada mais do que um cavalheiro agora.

— Por que eu sou sua aposta, Marcela?

Ela respira fundo e começa.

— Na verdade, não fui eu quem apostei. Eu não te conhecia, mas... Só Deus sabe quantas noites eu pensei em você. — Ela solta um suspiro. — Te via de longe, junto com o clube de xadrez, ou sempre fazendo alguma roda de leitura que eu nunca consegui participar porque era tímida demais pra isso. Eu te observava em cada evento que tinha, desde que você chegou na faculdade, no segundo semestre do primeiro ano. E minhas amigas perceberam essa minha... Paixonite por você, por falta de uma palavra melhor. 

Ela cruzou os braços, mas não me encarou, perdida em pensamentos.

— Fiquei tanto tempo com a ideia na cabeça, que eu achava que se eu beijasse você uma única vez, esse.. Vício, iria passar. Que essa fama de leitor com pinta de bonitão era tudo balela e que iria mostrar a sua verdadeira face. Mas então elas fizeram uma aposta, vendo que eu não saía do lugar em relação a você e queriam que eu desse algum passo. Eu só precisava estar no lugar que você estivesse e tentar chamar a sua atenção, de uma forma que não fosse para o meu pequeno defeito... — Ela cruza a perna. 

— Mas você nunca me diminuiu por isso. Muito pelo contrário. Me tratou com um carinho tão... E eu perdi. Quando nos encontramos na biblioteca pela primeira vez e você me perguntou sobre o que eu estava lendo, isso se estendeu por semanas... Até você me beijar na festa de final de ano... Eu já nem me lembrava mais que eu não queria participar desse jogo. Eu nem pensei que poderia ser um, até ela falar agora que eu tinha perdido a aposta porque tinha me apaixonado completamente por você.
Tento processar, mas algo não sai da cabeça.

— Você achava que se me beijasse uma vez, você não iria mais querer ficar comigo?
Impossível. 

Ela assente e encolhe os ombros.

Ignoro o lado racional e coloco meus braços ao redor dela, assoprando ar quente em seu pescoço.
— Então você não estava fingindo?

Ela me olha e cutuca meu peito.

— Eu jamais poderia fingir algo com você. Eu só deveria ter sido honesta sobre isso desde o início, mas... Eu não podia te contar. Eu fiquei com muita vergonha e eu..

— Shhhh — Sussurro em seu pescoço. — Tá tudo bem. Só... Tenha a liberdade comigo que você quiser, está bem? Eu... Estou pronto pra te ouvir sempre que você quiser falar. Se expressar. — Beijo atrás do pescoço.

Ela ri e enrubesce.

— A verdade é que eu não poderia resistir à você nem se eu quisesse. — Ela diz e eu mordo seu queixo.

— Você não sabe, mas eu te observava nos corredores, em meio às partidas de xadrez.. E torcia pra você entrar na roda de leitura. 

Ela me olha curiosa e sorri de lado.

— Se você não tivesse ficado na biblioteca aquele dia, de algum modo eu estava me preparando pra fazer acontecer. — Sorrio, levanto e a seguro pela cintura em uma pegada que não ia ser fácil para ela se soltar.

Ela sorri e me beija. 

— Podemos voltar pra dentro, Pedro?

— Podemos fazer o que você quiser, princesa. — Beijo seu cabelo e esfrego seus braços gelados pelo pouco tempo que ficamos fora, pensando que, independentemente da forma, quando for pra acontecer, o destino dá seu jeito e toma forma de um jeito que a gente nem imagina.
E é ainda melhor.
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10 comentário (s)

  1. Adorei a proposta do desafio e como ele ficou bem completo com direito a elenco e trilha sonora, muito chique
    Beijos ♡ | blog | instagram

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  2. MEU CORAÇÃO NÃO AGUENTA PAMELA REGINA!
    EU JÁ TE DISSE QUE VOCÊ PRECISA CONTINUAR SEUS TEXTOS E VOCÊ SÓ ME IGNORA, POR QUE VOCÊ ME FAZ SOFRER DESSE JEITO?
    HEIN HEIN HEIN HEIN
    PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
    beeeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    Respostas
    1. EU PRECISO ME INSPIRAR E ESCREVER ALESSANDRINHA
      EU JURO QUE NAO TO TE IGNORANDO :')

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  3. Oie, eu adoro como fica a junção da história e sempre gosto delas. Maravilhosa, como sempre.

    Bjs

    Imersão Literária

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  4. Oi Pam,

    Esse texto merecia uma sequencia. Arrasou!
    Adoro o Words Challenge de vocês duas ♥

    Bjs
    https://diariodoslivrosblog.blogspot.com/

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  5. Oi Pâm, tudo bem?
    Ah, AMEI o texto!Ficou muito fofo e é legal ver que você e a Alê seguem firme nesse desafio!
    Eu estou tentando escrever alguns textos curtos também no meu blog - Universo Invisível -, mas por enquanto tenho recebido bem poucas visitar por lá.

    Beijos;
    Mente Hipercriativa | Universo Invisível

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